Atraso nas obras da Copa favorece corrupção e encarece custos, alerta Transparência Brasil

Coordenador de projetos da ONG Transparência Brasil, especializada no combate à corrupção, Fabiano Angélico não acredita no patriotismo que muitas empresas ostentam principalmente em épocas de Copa do Mundo. Menos ainda quando estão em jogo milhões de reais, em concorrências para grandes obras públicas.

"Não há que ser ingênuo e achar que alguém está nesse jogo com patriotismo ou com ética e responsabilidade. Isso é conversa fiada. O que [os empresários] querem é ganhar mais dinheiro, e ponto. Vão aproveitar todo tipo de oportunidade para isso", afirma. 

Na entrevista a seguir, Fabiano Angélico fala dos riscos de corrupção nas obras da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. Ele faz um alerta: atrasos em obras tendem a favorecer o suborno e a encarecer o custo final de projetos. Faltando quatro anos para o Mundial no Brasil, metade dos estádios ainda não tiveram suas reformas ou construções inciadas.

Bolada Preta - Vocês estão monitorando as obras da Copa do Mundo?
 

Fabiano Angélico - Lateralmente. As pessoas, às vezes, têm uma idéia de que o trabalho de monitoramento é algo trivial, mas não é.

Um projeto especificamente voltado para isso demanda pessoal, máquinas e o salário de quem o faz. Não é qualquer um que seria contratado para fazê-lo, porque demanda conhecimento específico. Teria que haver um projeto especificamente voltado para isso, com um financiamento, mas a Transparência Brasil não o tem. Contamos com um orçamento bastante reduzido e temos alguns projetos prioritários, que estão aí na nossa agenda há alguns anos. Não temos um acompanhamento sistemático e próximo desse assunto. Gostaríamos de ter um projeto específico pra isso, mas, infelizmente, não conseguimos recursos para tal.

Bolada Preta - Não é preocupante quando se tem projetos que envolvem 15, 30, 50 bilhões de reais investidos?

Fabiano Angélico - Evidentemente. É muitíssimo preocupante e ainda mais tendo em conta o histórico do controle social de verbas públicas do Brasil, ainda mais levando em conta que haverá muito dinheiro de prefeituras e governos estaduais, que são recursos porcamente monitorados.

A gente pode dizer que os recursos federais ainda têm algum tipo de controle. O risco de corrupção é um pouco menor, porque você tem o Tribunal de Contas da União, que faz um trabalho razoável, e a Controladoria-Geral da União, que é um organismo interno e que também monitora com atenção os recursos federais.

Já os Tribunais de Contas dos Estados são horríveis e tomados muitas vezes por ex-políticos ou em fim de carreira, de qualidade e hombridade duvidosas. Os controles internos das prefeituras e dos governos estaduais são péssimos. Por conta desse cenário, em tese, o risco é muito alto de haver dissídios.

Bolada Preta - O Maracanã (foto) foi reformado há alguns anos por R$ 400 milhões. Para a Copa de 2014, receberá mais 720 milhões de reais. Por que é tão cara a construção civil de grande porte no Brasil?

Fabiano Angélico - Porque os prestadores de serviços vão querer sempre aumentar o preço. É o lucro, o negócio deles. Isso do lado da iniciativa privada. Do lado do Estado, não há um controle adequado e um trabalho eficaz do poder público. A disputa desequilibra em favor dos empresários. Ou seja, o preço tende a ficar mais parecido com o que o empreiteiro quer do que seria razoável pagar.

Não há que ser ingênuo e achar que alguém está nesse jogo com patriotismo ou com ética e responsabilidade. Isso é conversa fiada. O que [os empresários] querem é ganhar mais dinheiro, e ponto. Vão aproveitar todo tipo de oportunidade para isso. Algumas, inclusive, apelam pra suborno e corrupção, pura e simples.


Bolada Preta - E o que houve com o Pan-Americano de 2007, no Rio de Janeiro, que o orçamento extrapolou em 800%?

Fabiano Angélico - Um dos grandes problemas do Pan foi a Matriz de Responsabilidades, definida em fevereiro de 2007, poucos meses antes do evento. Ela é fundamental, e funciona desse jeito: o governo federal vai fazer isso e isso, que vai custar “X”. O governo estadual vai fazer isso, isso e isso e vai custar “Y”. A iniciativa privada é responsável por essa parte e isso vai custar “Z”. Você tem um planejamento bastante detalhado. Ele deve ser feito anos antes dos grandes eventos.

No Pan, isso não ocorreu. Fez-se muita coisa sem licitação e, com isso, a corrupção cresceu absurdamente. Também teve muitos casos já detectados e analisados pelo TCU. Eu me lembro especificamente de um envolvendo ar-condicionado para os quartos da Vila Olímpica, que o processo aparentemente foi correto, o preço estava dentro dos níveis de mercado, só que o governo pagou, sei lá, 100 mil aparelhos e recebeu 500. Houve aí um desvio, um erro ou algo do tipo.

Bolada Preta - Das obras para a Copa do Mundo, só metade iniciaram as obras de reformas de estádio, e muito precariamente. Quanto mais em cima a obra se inicia, mas cara ela vai ficar. Por quê?

Fabiano Angélico - Porque alguns mecanismos são demorados e, por mais que a gente queira que a coisa aconteça rápido, tem que ter mesmo algum tempo para analisar, porque quanto mais detalhadamente você analisa, mais você consegue evitar excessos. Esse é o ponto. Se você planeja uma aquisição e olha com detalhe para toda a documentação das empresas, vai se evitando erros.

Um exemplo qualquer: numa concorrência, todas as empresas concorrentes colocaram que o quilo do cimento vai ser 100, mas ele está 600 no mercado. Tem que ver isso aí. Então, quanto mais detalhadamente se analisa o processo, melhor é para a economia e os cofres públicos.

Agora, quando se faz a coisa muito rapidamente, começa-se a acelerar e aprovar as coisas. Digo novamente: a gente tem que perder a ingenuidade. A empresa corrupta, e muitas são, inclui o valor do suborno no preço final. Assim, se a coisa está indo rápido, pode-se subornar alguém para dar uma licença ambiental o quanto antes e botar esse custo no preço final. No final, nós pagamos a conta. Daí essa preocupação em fazer um planejamento adequado, com bastante tempo, para que possa haver tempo hábil de analisar nitidamente todos os processos.

Clique na imagem abaixo e assista a reportagem de Bolada Preta sobre as obras de infraestrutura para a Copa e a Olimpíada no Brasil:
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Governo faz campanha para dobrar turismo de estrangeiros

Assim que terminar o último jogo da Copa da África do Sul, o governo brasileiro dará o pontapé em um ambicioso projeto que, em dez anos, pretende dobrar o número de turistas estrangeiros que visitam o país.

A Embratur, fundação responsável pela promoção do turismo brasileiro no exterior, negocia com emissoras de TV dos 12 países que mais mandam turistas para o país para que o primeiro comercial após o último jogo da Copa da África do Sul seja um filme anunciando a Copa de 2014 no Brasil.

Diretor de filmes como Cidade de Deus e do clipe da candidatura do Rio de Janeiro a sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o cineasta Fernando Meirelles está produzindo o comercial.

Deverão exibir o anúncio logo após o término da Copa da África do Sul emissoras dos Estados Unidos, Inglaterra, Portugal, Espanha, Argentina e Chile, entre outros países, inclusive da Ásia. Canais internacionais de esportes e notícias, como a CNN, também estão no plano de mídia da Embratur.

O Ministério do Turismo diz que ainda não tem uma estimativa de quanto custará a campanha. Informa apenas que o orçamento da Embratur, que foi de R$ 100 milhões em 2009, será de R$ 150 milhões em 2010 e deverá chegar a R$ 200 milhões nos próximos anos. Todo esse dinheiro vai para a promoção do Brasil no exterior.

Segundo o ministro do Turismo, Luiz Barretto (foto), a campanha publicitária irá vender a imagem de "um país alegre, hospitaleiro", mas sem o estereótipo do "país do Carnaval e do futebol".

"Vamos mostrar um país que possui um conjunto grande de destinos turísticos, de vários segmentos, não apenas sol e praia. O Brasil é hoje um grande destino de eventos, de turismo de negócios. Vamos mostrar também o bom momento que o Brasil vive, que se traduz em um país sofisticado, que tem empresas como a Petrobras, a Embraer, que é o segundo produtor mundial de alimentos, que disputa mercados, enfim um país que é o país do século 21", afirma Barretto.

O ministro trabalha com a projeção de que a Copa do Mundo deverá atrair 600 mil turistas estrangeiros ao país (outros 3 milhões de brasileiros deverão fazer turismo doméstico durante o torneio da Fifa). Se o evento for bem realizado, poderá se tornar uma grande vitrine. Afinal, pela TV a Copa tem potencial de audiência acumulada de 28 bilhões de telespectadores.

A Embratur estima que 5,5 milhões de turistas deverão visitar o Brasil em 2010, movimentando US$ 5,6 bilhões no país. Em 2014, esse número deve subir para 8,1 milhões. Em 2016, com a Olimpíada do Rio, chegará a 8,9 milhões de visitantes. Em 2020, deveremos receber 11,1 milhões de turistas, que gastarão US$ 17 bilhões. Ou seja, o número de turistas vai dobrar e as receitas serão triplicadas. (Daniel Castro)


Clique aqui e leia entrevista do ministro Luiz Barretto
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Para Oscar, educação do esporte é necessária ao país

Em 2008, a China sediou os Jogos Olímpicos. Ao final do evento, esperava-se que a nação mais populosa do mundo chegasse ao topo do quadro de medalhas pela primeira vez. Missão cumprida.

O Brasil, um país emergente tanto quanto a China, hospedará os Jogos em 2016. Investirá cerca de 15 bilhões de dólares em infraestrutura urbana e esportiva no Rio de Janeiro, a cidade-sede, metade do que a China colocou em Pequim.

Mas será que o Brasil seguirá o exemplo chinês e se tornará uma potência olímpica?

Maior símbolo esportivo brasileiro, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, acredita que sim:

"Acho que foi uma coisa boa [a escolha do Rio de Janeiro], porque é a primeira Olimpíada que temos aqui na América do Sul. Então, acho que já merecia, porque ela traz investimentos, traz muito mais preparação de atleta. É uma coisa mais ampla do que a Copa do Mundo, que é só futebol”, disse Pelé em uma entrevista coletiva, respondendo a pergunta de Bolada Preta.

O atleta do século 20 é menos otimista em relação à Copa do Mundo de 2014, a ser disputada no Brasil também. Segundo Pelé, a Copa não fará o Brasil deixar de ser um grande exportador de jogadores de futebol.

"Infelizmente, a saída dos nossos atleta é [por causa d]a falta de condições das equipes brasileiras de manterem o jogador aqui. Na época em que eu estive como ministro [do Esporte], nós tivemos um trabalho imenso, uma briga danada, para que as equipes de futebol se transformassem em empresas, que pudessem fazer uma administração bem profissional, para poder manter os jogadores aqui. E isso infelizmente não aconteceu. Então, isso aí vai depender muito de como se prepararem os clubes daqui para a frente. Não tem nada a ver com Copa do Mundo", afirmou Pelé.

O blog levou as mesmas questões para Oscar Schmidt (foto), ex-jogador de basquete. Ele acredita que a Olimpíada trará uma “identificação definitiva do brasileiro com o esporte”, mas não visualiza um Brasil potência olímpica.

“Há uma diferença muito grande entre fazer uma Olimpíada e uma Copa do Mundo de futebol e se tornar uma potência olímpica. Para ser uma potência, nós primeiro temos que investir no esporte escolar, coisa que não temos minimamente”, setenciou.

Para Oscar, o Brasil exportará "jogadores para sempre".

Ouça aqui a íntegra do depoimento do maior cestinha do basquete nacional:
  PodcastOscarSchmidt by BoladaPreta 

Maria Paula Gonçalves da Silva, a Magic Paula, que brilhou no mesmo esporte que Oscar, faz coro com o Oscar. Ela enfatiza a falta de investimentos no atleta.

“O atleta continua naquele dilema de trinta anos atrás, necessitando de muito mais do que ele tem. Na verdade, todos esses recursos e investimentos não chegam a ele. O atleta tem se superar. Ele não consegue bons resultados por causa de um planejamento ou de estrutura adequada. É sempre pelo talento”.


Ouça aqui a entrevista de Paula:
  PodcastPaula by BoladaPreta 

Clique abaixo e assista à reportagem em que Pelé fala sobre o impacto da Copa e da Olimpíada no esporte brasileiro:

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Mercado brasileiro de futebol vai crescer 79% até 2014

Impulsionado pela Copa do Mundo, o mercado brasileiro de futebol vai crescer 79% até 2014. A projeção é da empresa de auditoria Crowe Horwath RCS, presidida por Raul Corrêa da Silva (foto).

Segundo estudo da empresa, especializada em marcas esportivas, os clubes brasileiros faturaram cerca de R$ 1,9 bilhão no ano passado. Em 2014, estima, atingirão receita de R$ 3,4 bilhões. Em 2010, devem arrecadar R$ 2,1 bilhões.

Segundo Amir Somoggi, diretor da área Esporte Total da Crowe Horvath RCS, as receitas dos clubes vão crescer graças aos investimentos em estádios, que passarão a ser arenas, cobrarão ingressos mais caros e atrairão torcedores para o que na Europa se chama de matchday (dia do jogo). No matchday, o torcedor passa quase todo o dia no estádio, onde faz compras e se alimenta como em um shopping center.

As receitas com estádios devem crescer 111% de 2008 (R$ 189,6 milhões) a 2014 (R$ 400 milhões).  Exploração das marcas dos clubes (R$ 480 milhões em 2014) e cotas de TV e novas mídias (R$ 700 milhões em 2014) também ajudarão a alavancar o mercado nacional de futebol.

O estudo da Crowe Horvath RCS revela queda nas receitas dos clubes com a venda de jogadores em 2009, provocada pela crise econômica mundial _os times europeus compraram menos.

Mas, de acordo com Amir Somoggi, a venda de jogadores continuará sendo a principal fonte financeira dos times brasileiros. Vão superar R$ 800 milhões em 2014. "A venda de jogadores perderá importância, mas o Brasil continuará sendo um grande exportador de pé de obra", diz Somoggi.

De acordo com Somoggi, os clubes brasileiros souberam superar a crise na exportação de jogadores, em 2009, investindo em marketing, casos de Corinthians (com a contratação de Ronaldo) e Flamengo (com a venda de produtos esportivos), e aumentando as receitas com TV.
Em 2003, a venda de jogadores representava 26% do faturamento dos times. Em 2008, chegou a 27%, mas caiu a 19% no ano passado. Em 2014, deve voltar ao patamar histório de 27%. Já as verbas com bilheterias, que eram 7% em 2003, fecharam 2009 com 13% de representatividade.
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Copa e Olimpíada abrem mercado de trabalho a jovens

Empresas brasileiras de vários segmentos estão enfrentando dificuldade para contratar profissionais. O maior problema é a falta de qualificação.

Setores como o automobilístico, o de infraestrutura, de mineração, de petróleo e de tecnologia da informação são os que mais sofrem com essa escassez. Segundo uma pesquisa da Catho Online, esses setores já estão pagando até 20% a mais do que a média nacional para profissionais especializados.

Especialista em recursos humanos, Neli Barbosa (foto) afirma que a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 agravarão ainda mais a falta de profissional qualificado. Os próximos anos, diz ela, serão ótimos para quem está entrando no mercado de trabalho, que se abrirá para os recém-formados. Mas a exigência de qualificação, como cursos de línguas e especializações, será cada vez maior.

Segundo Neli, já estão faltando engenheiros. Hoje, no Brasil, 30 mil engenheiros se formam todo ano, mas o país precisa de 60 mil. Ela acredita que, para não fazer feio na Copa de 2014, o país terá de apelar até para aposentados.

“Não se tem mais tempo para formar o profissional na universidade. São quatro anos, não tem como esperar. Hoje, estrategicamente falando, tem que olhar para o mercado externo, tem que olhar para o aposentado, onde tem gente qualificada para executar o trabalho”, diz.

Clique abaixo e ouça a íntegra da entrevista que Neli Barbosa deu a Bolada Preta:
  PodcastNELI by BoladaPreta 

Programas oficiais

As iniciativas do governo federal têm sido apenas na qualificação de mão de obra mais básica, nos profissionais que atenderão o turista que visitará o país durante a Copa e a Olimpíada.

Em maio, lançou o programa "Bem Receber Copa". A meta é ensinar inglês e espanhol, em cursos não-presenciais, para cerca de 80 mil pessoas, entre taxistas, atendentes de hotéis, policiais e guias de turismo. (Christine Lopes)
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TVs acirram disputa por direitos de eventos esportivos

A disputa pelos direitos de transmissão de eventos esportivos acirrou nos últimos anos. Com o crescimento da Record, a Globo passou a ter uma concorrente mais competitiva nesse setor. Mais do que Band e SBT foram nos anos 1990.

Em 2008, enquanto a Globo se preparava para transmitir os Jogos de Pequim, a Record, presidida por Alexandre Raposo (foto), a surpreendeu. Por US$ 60 milhões, levou os Jogos de Londres de 2012, que só ela transmitirá em sinal aberto no Brasil. Pela primeira vez, a Globo não exibirá uma Olimpíada. O valor foi três vezes maior do que o que a Globo desembolsou pela Olimpíada de Pequim.

A consequência foi o encarecimento ainda maior dos Jogos de 2016. O COI (Comitê Olímpico Internacional) abriu a concorrência entre as emissoras brasileiras em agosto do ano passado, antes de sabermos que o Rio de Janeiro seria sede da Olimpíada. Mesmo no "escuro", Globo, Band e Record decidiram pagar US$ 170 milhões para exibir o evento, que será compatilhado pelas três.

Por muito pouco a Record também não tirou a Copa do Mundo de 2010 e de 2014 da Globo. A emissora ofereceu US$ 360 milhões pelos dois Mundiais, mas a Fifa optou pela Globo, que se comprometeu a pagar US$ 340 milhões, por causa da parceria já antiga e pela melhor cobertura nacional.

A próxima batalha de Globo e Record nesse campo será pelos direitos do Campeonato Brasileiro de 2012, 2013 e 2014, que será valorizado pela Copa no Brasil. Hoje, a Globo paga R$ 380 milhões pelo torneio. O pay-per-view da TV paga rende mais R$ 120 milhões aos clubes brasileiros.

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) deve propor até agosto um acerto entre as redes. E o Clube dos 13, entidade que representa as agremiações, poderá dividir o Brasileirão em dois pacotes de jogos na TV. Um pacote, com jogos às quartas e domingos, ficaria com a Globo. O outro, com partidas às quintas, às 20h30, e aos sábados, pode ir para a Record. (Daniel Castro)

Clique abaixo e assista a reportagem de TV sobre a disputa entre as redes pelos direitos de eventos esportivos.

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'Na bola, Brasil ainda é República Centro-Africana'

Para Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro, 67, presidente do Santos FC, a Copa do Mundo de 2014 irá ajudar a mudar a mentalidade do futebol brasileiro, que se comporta como uma "república centro-africana", exportadora de pé-de-obra. Ele acredito que o evento impulsionará os clubes a segurarem seus craques por mais tempo.

Em entrevista exclusiva ao Bolada Preta, Ribeiro afirma que o campeão paulista de 2010 irá criar um fundo de investimentos, no segundo semestre deste ano, na tentativa de prolongar a permanência de seus craques.

Sociólogo, ex-diretor do Banco Central e um dos maiores especialistas em administração imobiliáiria do país, Ribeiro vem se opondo a empresários que querem aproveitar a valorização alcançada recentemente por atletas como Ganso (foto) e Neymar e vendê-los já para clubes europeus. Ribeiro quer segurar os jogadores. Acredita que eles se valorizarão ainda mais.

Confira os principais trechos da entrevista a Daniel Castro:

FELICIDADE É AQUI
"A ideia de um fundo de investimento, que a gente está gestando para o segundo semestre, nos habilita a pagar salários não no padrão europeu, mas salários claramente mais atraentes do que os atualmente pagos aos jogadores, em função de ações de marketing. O caso do Robinho [emprestado pelo Manchester City] é emblemático. Robinho veio recebendo um salário desproporcional à realidade brasileira, mas o Santos não gasta mais do que o seu teto salarial para tê-lo em campo. Porque nós montamos uma engenharia financeira, que faz com que a imagem do Robinho, explorada por anunciantes, resulte em recursos que engordem a conta bancária dele e permitam que ele seja feliz jogando pelo Santos."

FICAR PARA VALORIZAR
“A valorização de um atleta se dá ao longo de um processo. O Kaká foi para a Europa por 8 milhões de dólares, em uma forçada barra de um empresário especulador, em um contrato malfeito.Três anos e meio depois, os 8 milhões de dólares viraram 80 milhões de euros. Poucos negócios do mundo dão uma remuneração como essa. Nós achamos que essa agregação de valor, se o atleta permanecer mais três anos ou quatro no Brasil, se dará no Brasil.
Para conseguir fazer com que a equação fique de pé, você tem que mostrar ao atleta e a seus responsáveis que é melhor ficar aqui do que ir para a Europa em condições econômicas subalternas e com a necessidade de afirmação. Porque vale a pena ele se transformar em um ídolo no Brasil e depois ir, senão por 80 milhões de euros, pelo menos por metade disso, gerando riqueza aqui, fazendo com que a condição de ídolo o leve a um contrato melhor."

COPA IMPULSIONA O BRASIL
"Eu acho que a Copa do Mundo pode ser um fator contribuinte para a mudança de mentalidade no futebol brasileiro. O Brasil se desenvolveu em tantas áreas da economia, mas naquilo que é a paixão nacional a gente ainda é uma república centro-africana, exportadora de matéria-prima. Nós achamos que a Copa do Mundo, que contamina o país, com o interesse pelo futebol cada vez mais relevante, estimula a ideia de que você pode criar condições mercadológicas para segurar esses meninos aqui."

Clique na imagem abaixo e assista a reportagem de TV sobre a exportação de jogadores brasileiros:
 
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Bolada Preta | by TNB ©2010